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[Parte III] Dia 02: de Rio Tek até a base: só subida

Relato da jornalista Paula Batista, que desbravou o Monte Roraima com a Salto Alto Montanhismo em novembro de 2018. Se você perdeu a parte I e a parte II dessa história, pare um pouco e confira. Vamos passar a virada do ano 2019/2020 nessa montanha sagrada. Reserve sua vaga aqui.

Seis da manhã estávamos levantando de uma noite não muito bem dormida. Estava calor na barraca e nos nossos sacos de dormir especiais para climas mais e mais frios. Os mosquitos, esses maledetos, são insaciáveis, indomáveis e impossíveis de vencê-los. Se esconder nas barracas pela manhã e no fim do dia é fundamental para não enlouquecer com o atrevimento deles. Além deles, nós começamos a entender que essa trip ia ser dureza, no sentido real, para dormir. Tem areia embaixo das barracas, mas, junto com ela, pedras de arenito, que deixam o terreno desnivelado e só o nosso isolante não traria nenhum conforto. Cansados, dormimos, mas sentimos os efeitos pela manhã.

No café da manhã nos esperava um sanduíche especial, com um hambúrguer feito pela esposa do Javier, a Naila, e preparado pelo Eduardo. Gigante. Na hora achamos que era muita coisa para comer, ainda mais de manhã, mas logo iríamos descobrir porque o café da manhã desse dia foi tão reforçado.

Nosso cordial anfitrião nessa trip, o guia local Javier Jimenez, tem o mesmo dom de animação que a gente vê nas montanhas por aqui, mas, ao invés de “falta 20 minutos” é “só mais três subidas”. E de três em três a gente fez muitas e muitas subidas. Algumas mais pesadas que as outras, com sol forte, fontes de água em distâncias maiores e locais de parada também. Dá quase um alívio quando chegamos ao Militar, um local que foi utilizado para o descanso de militares em uma das suas investidas na região. A única coisa desse ponto é galhos para sentar, sombra e água fresca. Isso para os aventureiros normais, porque, para nós, o Javier retirou de algum local secreto da sua cargueira um abacaxi delicioso, que dividiu com os aventureiros. Esse abacaxi nos salvou. Deu mais energia para encarar as outras e outras subidas.

Ana Carolina, quase no final da subida (daquele momento ;))
Paula, passo curto e constante
Final do segundo dia, já no acampamento, na base do Monte

O segundo dia tem um percurso menor, 9km do Rio Tek, mas 7km de onde acampamos. Foram longos 7km nesse dia. Para mim ainda pior, já que a minha bota parceira de longas jornadas resolveu ferrar a minha unha do dedão do pé direito. Achei que seria só um incômodo, que colocando o pé na água e tratando o dedo seria resolvido. Logo descobri que não.

Chegamos na base no começo da tarde. Javier nos indicou onde pegar água e onde tomar banho já avisando que a água do banho “fazia os ossos dele doerem”. Achamos que com aquele sol do meio da tarde a gente não sofreria tanto. Ledo engano. Entendemos rapidamente o significado de doer os ossos. Mesmo assim, tomamos banho, lavamos nossas roupas e fomos para o acampamento almoçar e fomos recebidos com, acreditem, um maravilhoso espaguete bolonhesa feito pelo paraitepui Eduardo, nosso masterchef indígena mais querido do parque.

Eduardo, nosso Master Chef

A Ana, quando viu o espaguete, não acreditava. Estava tão surpresa, porque achava que nessa trip ela comeria, no máximo, macarrão instantâneo, sanduíches e só. Que engano! Enquanto eu fui tirar uma soneca e descansar, no pôr do sol, eles ainda fizeram pipoca, café e ainda teve o jantar, com um pastelito estilo empanadas, que podíamos rechear com queijo, ovos mexidos com pimentões, salames, café, leite, chá. Impossível não se impressionar com tanta comida boa na montanha.

Hora de dormir, céu lindo e a paisagem ainda mais linda: Kukenán à frente das barracas e Roraima ao lado.

….continua na próxima semana…

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